Dizer que nunca tive vontade de conhecer a aurora boreal seria um exagero.
Mas realmente não estava entre minhas TOP TEN TRIPS da vida, não. Entretanto, parece que o cosmo conspira e as coisas acabam acontecendo.
Em setembro de 2013 nós tínhamos comprado um pacote para conhecer a Jordânia, com escala em Paris.
Daí, uma semana antes de embarcarmos, o Obama resolveu ameaçar bombardear a Síria e isto foi o suficiente para um pequeno êxodo de refugiados para a fronteira jordaniana.
Resultado: a gente tem medo de bomba, mas não tem medo de frio do Ártico, nem de falar norueguês, néam? Rsrsrsrsrsrsr.
Assim foi que em 3 dias o Omar conseguiu comprar as passagens e reservar os hotéis na Noruega, para a alegria da minha irmã Alaíde, que há séculos nos convidava pra esse passeio.
E lá fomos nós.
Saímos de Paris, voando SAS (Scandinavian Airlines), que adotou a política do auto-checkin e rigor no peso/tamanho da bagagem, o que rendeu dor de cabeça pra minha irmã, que não é adepta do minimalismo quando o assunto é babagem.
Depois da escala em Oslo, rumamos para Tromso, voando pela low cost Norwegian Airlines, cujos aviões estampavam na cauda, os rostos de grandes nomes da cultura norueguesa. Achei muito legal isso.
Tromso é uma cidade universitária, que fica localizada cerca de 400 km além do círculo polar ártico. Em razão de sua posição geográfica, a observação da atividade solar é mais propícia, o que lhe rendeu o título de Capital Mundial da Aurora Boreal.
Apesar da lonjura, há muitas atividades culturais para os 70 mil habitantes e turistas do mundo todo que para lá se destinam na temporada de caça às famosas luzes do norte.
São diversos hotéis, lojas e museus, destacando-se a arquitetura arrojada em contraponto às onipresentes casinhas coloridas.
E tem também brazucas por lá porque só isso explica essa balada “cultural” anunciada em uma revista da cidade. 100 or! Ninguém merece. Que perseguição!
Como não tivemos tempo para comprar um pacote, ao chegarmos no Hotel (Radissom Blue- ótimo), buscamos informações e descobrimos que a empresa que vendia os passeios para ver a aurora ficava ali naquele mesmo prédio.
O escritório estava fechado e nós ficamos fazendo “procissão” na frente até abrir.
Tínhamos 3 dias na cidade e queríamos aproveitar cada minuto. A empresa chamava Artic Guides Service‘ e fomos alertados que a temporada do fenômeno estava ainda no início, de forma que eles não garantiam que veríamos a aurora logo no primeiro dia. Resolvemos encarar a empreitada, que custou 950 NOKs (Norwegian Krone), cerca de 140 dólares por pessoa.
Munidos de passaporte, porque às vezes é preciso sair dos limites territoriais da Noruega, saímos em uma van, que nos pegou próximo ao hotel, por volta das 19:00 horas rumo ao interior ou, literalmente, para o fim da picada, já que para ver o fenômeno era preciso estar em local sem iluminação e com céu limpo. Ou seja…..toca pra dentro de um matão brabo, com um frio de rachar!
Depois de uma meia hora rodando, o guia escolheu um lugar, onde ficamos parados um tempão, esperando, ajustando a câmera, olhando pro céu e….nada.
Nosso guia era um espanhol simpático e por rádio se comunicava com a central, que acompanhava a atividade solar em sites especializados.
Ele nos falou sobre a explicação científica para a aurora e suas diversas cores, bem como contou algumas das várias lendas sobre os mistérios das luzes do norte.
Eu gostei mais da finlandesa: o nome finlandês para a aurora é revontulet, que significa fogos de raposa. De acordo com a lenda, as raposas feitas de fogo viviam na Lapónia, e revontulet eram as faíscas que elas arremessavam para a atmosfera com suas caudas.(Patrícia também é cultura!).
E de repente, o cara avisou: lá vem ! E veio. Primeiro uma luz esverdeada meio tímida, que se tornou a seguir uma cortina de um verde vibrante, com luzes que se movimentavam no céu, subindo e descendo. Espetacular!
Que emoção! Pra quem não fazia muita questão de ver o fenômeno, eu tava PAS-SA-DA!
Fizemos várias fotos, mas posso garantir que nenhuma delas fez jus à beleza das luzes ao vivo e literalmente a cores.
Nesta primeira noite fomos ainda a outras duas locações e depois voltamos para o hotel, por volta da uma hora da manhã.
Sim. Tem que ter paciência. Não. Não é programa para criança. Acreditem. Não há absolutamente nada para fazer nas locações. Nem banheiro, nem lanchonete, nem uma casinha de algum esquimó fugitivo.
Mas eu soube que há excursões que fazem acampamentos nos arredores da cidade, com alguma infraestrutura. Vale a pena buscar informações.
Na segunda noite, nosso guia nos levou para outros locais. Ventava bastante e não tivemos muito sucesso na primeira locação, mas depois fomos até uma praia, no meio das pedras e daí vimos mais uma vez o espetáculo das luzes dançantes, onde a tal lenda da cauda da raposa parecia fazer ainda mais sentido.
Genial! Adoramos e recomendo vivamente se você, caro leitor, tiver espírito aventureiro, paciência e um bom punhado de NOKs .
Pra quem não estava muito encantada com a ideia de ver a aurora boreal (assim nominada por Galileu Galilei), só posso dizer que estou louca para voltar, especialmente depois que seguimos viagem até o Polo Norte, para observação de ursos polares na distante ilha de Svalbard.
Mas isto é assunto para outro post. Beijos