Esta Menina Tão Pequenina quer ser Bailarina! Emoções de uma mãe bailarina!

Todos os sonhos que tive em minha vida sempre dependeram apenas de mim. Nunca sonhei pelos outros. Nunca sonhei algo que não estivesse ao alcance do meu esforço pessoal.

Quando tinha 10 anos li “Floradas na Serra” de Dinah Silveira de Queiroz, e não conseguia me conformar com a mãe que fez uma promessa para a filha Belinha cumprir, de que a filha usaria apenas roupas brancas até completar 15 anos, para que se curasse da tuberculose. Claro que a menina acabou morrendo em pleno aniversário de 15 anos, ao usar pela primeira vez o tão sonhado vestido cor de rosa. Acho que essa cena nunca me saiu da cabeça.

Por isso, nunca ousei sonhar coisas que não estavam sob meu controle. Nunca sonhei ter filhos. E quando isso passou a ser uma realidade, não tive preferência pelo sexo. Imaginava o trauma para o menino se soubesse que a mãe na verdade queria uma menina. Nem me permitia o pensamento.

Quando fizemos o ultrassom e no resultado apareceu que era uma menina eu comecei a chorar (coisa que não me é nada comum), e o Mauro comentou que para quem não tinha preferência eu estava meio emocionada demais.

Ainda assim estava preparada para ter uma menina sapeca, esportista, que não gostasse de bonecas assim como a minha irmã Séfora.

Mas a Ellerim veio a mais meiga das meninas. Ama se arrumar, adora usar vestidos, não abre mão dos cabelos compridos e cheios de enfeites e sempre abre um “sorriso de blog” para as fotos. O Mauro sempre diz que parece que eu brinco de boneca todos os dias com a Ellerim.

Mesmo assim, nunca havia comentado com ela que eu era bailarina, tampouco que na adolescência havia escrito um caderno com dicas de ballet para não esquecer de ensinar um dia para minha filha (caderno que joguei fora pelos motivos já citados no início).

Mas claro que as crianças sempre encontram formas de nos surpreender e emocionar.

A Ellerim começou muito a pedir para fazer ballet. Mas eu não tinha tempo de levá-la. Esse ano minha amiga Vanessa, mãe da Camile, amiguinha da Ellerim, se ofereceu para levar as meninas para as aulas de Ballet duas vezes por semana. E o Mauro vai buscar, pois eu estou sempre no trabalho.

Mas hoje as mães foram convidadas para assistir uma aula em comemoração ao dia das mães.

Eu não consigo explicar a sensação de ver minha filha de 5 anos na barra fazendo um Demi Plié na 1ª Posição.

Logo eu que nunca fui uma pessoa nostálgica me vi com lágrimas nos olhos novamente, como no dia do ultrassom. Parece um sonho bom demais para ser verdade!

A aula me fez lembrar de tudo o que eu vivi no Ballet, de todos os ensinamentos que tive, da sensação maravilhosa de estar no palco, da emoção da superação física, até mesmo do gosto da dor que nos leva à vitória. Lembrei dos anos que levei para livrar meus pés das marcas deixadas pelas sapatilhas, mas que nunca deixaram meu caráter.

Acho que não devemos projetar nossos sonhos em nossos filhos, muito menos tentar viver suas vidas. Mas descobri hoje que podemos sim nos realizar com as escolhas que eles mesmos fazem, e viver junto com eles essa aventura maravilhosa que é a vida!

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